Curso promovido pelo IEF e UFV alia teoria e prática com participação de especialistas nacionais e internacionais em áreas protegidas do estado
Queima prescrita é uma das práticas previstas no Manejo Integrado do Fogo (MIF), estratégia que busca equilibrar o uso do fogo de forma controlada e planejada para preservar ecossistemas e reduzir o risco de incêndios severos - Foto: Divulgação IEF/MG
Entre os dias 11 e 17 de abril de 2025, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), por meio do programa Previncêndio, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), realizou o Curso de Queimas Prescritas, uma capacitação técnica voltada à formação de profissionais que atuam na prevenção e no combate a incêndios florestais.
O curso, dividido entre aulas teóricas online (11 e 12 de abril) e atividades práticas em campo (14 a 17 de abril), foi conduzido por dois especialistas na área: o professor Dr. Fillipe Tamiozzo, da UFV, e o Dr. Emanuel Oliveira, técnico do município português de Paredes de Coura. As práticas aconteceram em dois importantes parques estaduais: o Parque Estadual do Biribiri, em Diamantina, e o Parque Estadual do Rio Preto, em São Gonçalo do Rio Preto.
A capacitação reuniu servidores do IEF, da Universidade Federal de Viçosa, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Diretoria de Qualidade Ambiental da Prefeitura de Belo Horizonte e da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA), que presta serviços ao IEF com recursos de compensação florestal minerária.
Fogo como ferramenta de conservação
A queima prescrita é uma das práticas previstas no Manejo Integrado do Fogo (MIF), estratégia que busca equilibrar o uso do fogo de forma controlada e planejada para preservar ecossistemas e reduzir o risco de incêndios severos.
Segundo o Dr. Fillipe Tamiozzo, a capacitação foi essencial para apresentar aos participantes os benefícios dessa técnica em ambientes como o Cerrado — bioma que evolutivamente depende do fogo de baixa intensidade. “Os objetivos estipulados para as atividades de queima foram cumpridos, como proteger um remanescente florestal e formar mosaicos que favorecem a biodiversidade”, explicou o professor.
Já o Dr. Emanuel Oliveira destacou a importância da troca de experiências entre profissionais brasileiros e estrangeiros. Com mais de 15 anos de atuação com fogo prescrito em Portugal, ele ressaltou a excelência técnica dos participantes. “Impressiona a dedicação e a capacidade técnica dos profissionais, que aplicaram com excelência os conhecimentos adquiridos nas sessões teóricas”, frisou.
Desconstruindo o tabu do fogo
O uso do fogo em áreas naturais é um tema que ainda enfrenta resistência. Para o gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF, Rodrigo Belo, o curso é também um espaço para reflexão e mudança de paradigmas. “Por anos acreditamos que o fogo era exclusivamente nocivo. Hoje sabemos que sua exclusão pode até aumentar a severidade dos incêndios, especialmente em áreas sensíveis como as Unidades de Conservação”, explicou.
A ação teve o apoio do Programa Copaíbas – Comunidades Tradicionais, Povos Indígenas e Áreas Protegidas nos biomas Amazônia e Cerrado, executado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) com recursos da Iniciativa Internacional da Noruega para Clima e Florestas (NICFI).A iniciativa marca mais um passo na formação de agentes preparados para lidar com os desafios das mudanças climáticas e da conservação ambiental, mostrando que o fogo, quando bem manejado, pode ser um poderoso aliado da biodiversidade.