A água é um recurso natural fundamental para a sobrevivência do ser humano. Estima-se, hoje, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) que 97,5% da água do planeta seja salgada, ou seja, imprópria para o consumo humano, agricultura e outros fins. Logo, os 2,5% de água remanescentes são consideradas águas doces. Entretanto, sua totalidade não está disponível para o consumo humano, uma vez que grande parte dela é encontrada em formato sólido (geleiras e calota polares) e 30% estão em aquíferos subterrâneos, podendo ser aproveitada pouco menos de 1% pelos os seres humanos e que nem sempre atende às especificações para ser consideradas potável.
De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), desde 2005, as águas doces são categorizadas em 5 tipos de classes que variam desde o uso doméstico até à navegação e à harmonia paisagística, ou seja, àquelas completamente impróprias para o consumo humano. Contudo, atualmente, no que diz respeito a primeira classificação da água doce (Classe Especial – A: ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; B: à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e, C: à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral), boa parte da população faz uso incorreto da potabilidade da água, uma vez que está sendo utilizada para fins pouco exigentes, como a exemplo de descargas em vasos sanitários e a lavagem de carros.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), já vem atuando na conservação dos corpos hídricos existentes no Maranhão, por meio da criação de Comitês de Bacias Hidrográficas por todo o Estado, além de realizar, na capital, o enquadramento transitório dos rios. A SEMA também vem realizando projetos voltados para a proteção das nascentes do rios de todo o estado. Como pontua Luís Evangelista, Supervisor de Gestão e Planejamento de Recursos Hídricos: “é possível, a partir dos diagnósticos das análises laboratoriais, definimos qual é a qualidade atual da bacia hidrográfica. Então, no enquadramento, é pensado nas metas de gerenciamento para os usos mais restritivos da bacias a partir do que é identificado pela comunidade”, afirmou.
Flávio Moraes, encarregado do Laboratório de Análises Ambientais da SEMA, explica que, nos dias de hoje, a destinação da maior parte da utilização da água doce está no uso pela agricultura e na produção industrial, mas, que além disso, deve-se pensar na utilização adequada no uso doméstico: “todos nós deveríamos estar economizando água. Principalmente porque a água, categorizada em tipos de classes, a que utilizamos para consumo é uma água potável, uma água tratada que teve um custo para se chegar nesse nível de classe especial Hoje enfrentamos uma questão cultural em nossa sociedade, uma vez que à 3 (três) graus da linha do Equador, se faz muito a utilização incorreta da água potável. A nossa faxina, água pra lavar banheiro, água para lavar carro, enfim, todas são questões culturais”, afirmou.
Flávio alerta ainda sobre a prática do consumo consciente da água neste período de isolamento social, já que muitas pessoas estão em casa e que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam lavar as mãos constantemente e os objetos para evitar a propagação da COVID-19. Ele explica ainda que essas recomendações significam então repensar as formas do uso atual da água, tais como o evitar desperdício ao lavar as mãos (fechar a torneira enquanto ensaboa as mãos), reduzir o consumo sempre que possível, reutilizar água da máquina de lavar roupas e louças, fazer captação de água da chuva para destinação de uso secundário, auxiliando assim na conservação da água e do meio ambiente, na preservação de rios e mananciais, economia na conta de água, além de evitar a propagação do novo Coronavírus.
Confira abaixo algumas dicas para um consumo consciente de água (fonte: ecycle):
01 - Mantenha a torneira fechada ao lavar as mãos, escovar os dentes, fazer a barba e ao ensaboar a louça. Ao escovar os dentes com ela aberta, você gasta cerca de 13,5 litros de água em apenas dois minutos.
02 - Tome banhos curtos. Cinco minutos são suficientes para fazer a limpeza do corpo e, enquanto você se ensaboa, o registro deve ser fechado. Isso gera uma economia de até 30 mil litros no ano.
03 - Evite duchas de alta pressão. Apesar de serem usadas para dar a sensação de massagem no corpo, as duchas de alta pressão são inimigas do consumo consciente de água. Elas tem uma vazão grande, de 20/30 litros por minuto. Um banho de 10 minutos em um chuveiro de 30 litros por minuto gasta em média 300 litros de água – a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o consumo consciente por habitante é na ordem 112 litros por dia.
04 - Organize a louça antes de lavá-la. Use uma bacia para deixar os utensílios de molho, para amolecer a sujeira, lave toda a louça e enxágue tudo de uma única vez. Isso e o uso de materiais biodegradáveis também ajudam na economia.
05 - Só ligue a lava-louças e a lava-roupas quando estiverem cheias, pois isso evita o desperdício. Espere juntar uma quantidade de roupas ou louças suficiente para encher os eletrônicos. No caso das roupas, verifique se elas realmente precisam ser lavadas – várias peças, como casacos e calças jeans, podem ser usadas mais de uma vez antes de precisarem ser lavadas.
06 - Se possível, prefira usar a lava-louças no lugar da maneira tradicional de limpeza. O equipamento chega a economizar cerca de seis vezes a quantidade de água normalmente gasta – mas para valer a pena precisa estar cheio de louça.
07 - Adote dispositivos que ajudam na redução do consumo de água, como o arejador de torneiras, o restritor de vazão, bacias sanitárias VDR e válvulas automáticas para mictórios. Em condomínios e empresas o uso desses equipamentos gera uma boa redução de custos. Veja mais na matéria “Dispositivos para economizar água no seu condomínio”.
08 - Se você tiver uma piscina, cubra-a com uma capa quando não estiver usando. As piscinas podem perder até 90% de sua água em um mês por conta da evaporação. A cobertura também evita o depósito de folhas e outros resíduos e uma piscina limpa precisa de menos trocas de água. Revise sempre a bomba e o filtro, já que o mau funcionamento desses equipamentos aumenta o gasto de água.
09 - No jardim, evite regar as plantas nos horários de sol forte. Regar o gramado ou o jardim antes das 10 horas da manhã e depois das 7 horas da noite previne o excesso de evaporação – evite também a mangueira. No inverno é possível regar as plantas dia sim, dia não. Com essas medidas, você pode economizar cerca de 96 litros de água diariamente só com as plantas.
10 - Use a vassoura para limpar o quintal, a calçada ou as áreas comuns de prédios e empresas – uma mangueira ligada por 15 minutos gasta 280 litros de água (nenhum pouco consciente não?!). Se precisar usar água, prefira equipamentos de limpeza a jato, que usam uma quantidade mínima de água aliada com uma forte pressão.
11 - Use um balde e um pano para limpar o carro.
12 - Preste atenção e conserte eventuais vazamentos na sua casa. Um buraco de 2 mm em um cano de uma única casa desperdiça 3.200 litros de água por dia.
13 - Converse com as pessoas à sua volta sobre o consumo consciente de água, incentive ações de economia e redução no uso desse bem tão valioso. Se você mora em prédio, converse com os moradores do condomínio sobre a implementação de hidrômetros individualizados, que estimulam cada morador a ter uma maior consciência sobre o seu consumo de água. Confira dicas para agir no seu condomínio: “Guia de economia de água para condomínios: ajude o síndico a evitar o desperdício”.
14 - Reutilize as águas cinzas, que são aquelas provenientes do chuveiro ou da máquina de lavar roupas (dentre outras), para limpar os terraços ou outras áreas externas do prédio. O reúso de água é uma excelente forma de consumo consciente. Água cinza é toda água proveniente do chuveiro ou da máquina de lavar roupas que ainda pode servir para atividades como lavar o quintal, dar descargas, limpar pisos e paredes ou até regar o jardim (dependendo do tipo de substância com o qual a água tiver entrado em contato).
15 - Use cisternas para fazer a captação e armazenar a água da chuva. Um boa forma de exercitar o consumo consciente de água é aproveitar a água que caiu do céu. Literalmente! Você pode usar uma cisterna ou minicisterna para captar a água da chuva e reutilizá-la em regas, na limpeza do quintal, dos pisos, dentre outros. Entenda melhor nas matérias: “Minicisterna: reaproveitamento de água ao seu alcance” e “Captação de água de chuva: conheça as vantagens e cuidados necessários para o uso da cisterna”.
Você sabe o que são aquíferos?
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), as águas subterrâneas são formadas pelo excedente das águas de chuvas que percorrem camadas abaixo da superfície do solo e preenchem os espaços vazios entre as rochas. Essas formações geológicas permeáveis são chamadas de aquíferos e são classificadas em três tipos: fraturado, poroso e cárstico. Dessa forma, os aquíferos são uma reserva de água embaixo do solo, abastecida pela chuva, e funciona como uma espécie de caixa d’água que alimenta os rios.
Fonte: http://www.sema.ma.gov.br/como-usar-a-agua-de-forma-consciente-durante-o-isolamento-social/