Parque Zoológico recebe fêmea de tamanduá-bandeira

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Kiara nasceu em São Paulo e agora vive no Parque Zoológico de Sapucaia do Sul - Foto: Leandro Souza/Ascom Sema

 

Foi sem alarde que Kiara chegou para morar no mesmo espaço que Gumercindo, embora, por tempo indeterminado, serão apenas vizinhos, impedidos de qualquer contato mais próximo. Poderão trocar olhares, se perceber, um sentir o cheiro do outro, mas nada mais do que isso.

Na noite de segunda-feira (14/8), o avião que a trouxe de São Paulo aterrissou no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Havia um time esperando para garantir segurança e conforto no deslocamento dela até o seu novo lar, ao lado do pretendente. Por algum tempo, ficarão separados, até que a natureza faça a sua parte e ambos queiram dividir o mesmo recinto.

Antes que fique parecendo mais uma história de amor, é melhor apresentar o casal. Kiara, 12 anos, e Gumercindo, 13, são tamanduás-bandeira, animais nativos do Brasil ameaçados de extinção. Ela nasceu no Zoológico Municipal de Catanduva, em São Paulo. Ele vive desde 2011 no Parque Zoológico (Zoo) de Sapucaia do Sul, que é administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema).

Não era bem um cortejo nupcial, nem padrinhos e madrinhas, mas Kiara teve a companhia dos biólogos Eduardo da Silva e Vanessa Silva e dos tratadores André Palau, Taís Bortolli e Geise Tavares no trajeto de pouco mais de 26 quilômetros do aeroporto até o Zoo.

Às 21h, quando chegou ao novo endereço, a escuridão impediu que visse o seu pretendente. A sorte também não apareceu quando o sol se espalhou pelo Zoo. Gumercindo preferiu ficar dormindo, indiferente à presença de Kiara e ao entusiasmo da equipe. É a natureza ensinando: humanos, não se afobem.

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Expectativa é de que Gumercindo, de 13 anos, seja o par da nova moradora - Foto: Leandro Souza/Ascom Sema

 

Por mais tentador que seja tratar essa história como um romance, o que sustenta a operação é uma importante estratégia para a conservação da espécie, conforme diretrizes do Plano de Ação Nacional para a Conservação, coordenado pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio).

“Todo o processo de transferência e recepção desse animal precisa de muita atenção e cuidado. A espécie está ameaçada de extinção, e o objetivo da união entre os tamanduás é a reprodução e, consequentemente, a conservação”, explica a madrinha do casal, ou melhor, a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann. Ela garante que a equipe do Zoo está preparada para promover uma adaptação tranquila para Kiara.

Segundo a gestora do Parque Zoológico, Caroline Gomes, neste primeiro momento a dupla ficará separada por uma tela – mas em recintos lado a lado, com o objetivo de promover a aproximação. “Como os tamanduás são animais de hábitos solitários, ainda não sabemos se eles aceitarão morar juntos ou se irão se encontrar somente no período reprodutivo”, informa, deixando apreensivo quem torce para que pinte um clima mais romântico entre os dois.

Os tamanduás-bandeira, quando vivem na natureza, se alimentam basicamente de cupins e formigas. Sob os cuidados de humanos, também recebem uma papa com frutas, proteína e ração para suplementar a dieta. Então, se rolar festa de casamento no futuro, já sabemos qual cardápio a equipe do Zoo preparará.

A união para acasalamento é uma prática comum entre zoológicos a fim de preservar espécies ameaçadas. Em 2021, o Cheetos, um macho de onça pintada, fez o mesmo trajeto cumprido por Kiara. Veio de São Paulo para Sapucaia do Sul, onde conheceu a Mimosa. Eles vivem em recintos separados, não por serem um casal moderno ou de temperamento difícil, mas porque pertencem a uma espécie solitária em que o macho e a fêmea só se encontram no período de acasalamento. Nesse caso, já deu match. E a turma do Zoo torce para que oncinhas tornem mais fofo o dia a dia no local.

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O macho de onça pintada Cheetos, que vive no Zoo desde 2021 - Foto: Leandro Souza/Ascom Sema

 

Avião Solidário

Kiara viajou gratuitamente de São Paulo para Porto Alegre pelo programa Avião Solidário da Latam. O transporte aéreo evitou um deslocamento terrestre de mais de 1,2 mil quilômetros entre as duas instituições. Conforme a empresa responsável pela parte aérea do cortejo nupcial, com o transporte da prometida, chega a 51 o número de animais que viajaram gratuitamente no Brasil em 2023 pelo programa.

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Transporte aéreo evitou um deslocamento terrestre de mais de 1,2 mil quilômetros - Foto: Divulgação Latam

 

Fonte: https://www.sema.rs.gov.br/parque-zoologico-recebe-femea-de-tamandua-bandeira


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